dia #21 – poema especulativo

vejo minha íris no espelho
furta-cor, lá no fundo do reflexo
e ainda mais ao fundo, seu semblante
é apenas uma especulação, porém
causador de incertezas sólidas

a conversa é espaçada e pretensiosa demais
enquanto inventamos um passado um para o outro
o futuro se apresenta como uma dádiva, mas
algum pesquisador acaba de prever um tsunami no Japão

o corpo ausente ocupa um espaço na ideia
todos sabemos e ainda assim insistimos na repetição
investindo energia em mirabolâncias
o semblante na íris furta-cor ao fundo refletido
embaça minha visão

Claudine Zingler
contato@claudinezingler.com.br
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