dia #02 – se não lembro, invento

não tenho certeza
se lembrança ou fantasia
causos da vó misturados com
histórias do Pedro Malasartes
traumas confundidos com
tramas de novela da tarde

o que não esqueço:
o balanço na casa do Araçá,
voar bem alto
ter gana de encostar o pé na folha
mais alta da árvore à frente,
a ardência do machucado quando vovó via o tombo

a memória infantil está profundamente ligada
à dor
não lembro do dia em que minha irmã nasceu,
lembro de quando a feri.

segundo dia de desafio fagulhas! tenho recebido tantas mensagens e poemas bonitos. que bom é poder compartilhar este tipo de realização com todo mundo que tá interessado em se destravar. recebi mensagens de pessoas que nunca haviam escrito poemas e até de pessoas que já têm até livros publicados, hehe. fico feliz de verdade! obrigada por estarem por aí. na pandemia, passei por alguns momentos de bloqueio e falta de vontade de me propor algum tipo de criação. como a criatividade não é automática e precisa ser provocada, surgiu o fagulhas.

hoje o tema era escrever revisitando memória de infância. este meu poema fala um pouco da minha relação meio doida com as memórias. minha infância foi bem agitada, mas sempre me sinto muito incerta de tudo o que eu lembro. acho que com o tempo isso se agrava, também. me bate um desespero quando lembro de algo, pergunto se mais alguém lembra e dizem que não. acho que por isso também eu tento manter ao máximo possível o costume de escrever diários.

enfim, amanhã tem mais. tô animada!

Claudine Zingler
contato@claudinezingler.com.br
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